domingo, 29 de janeiro de 2012

Resenha: Laranja Mecânica

Laranja Mecânica
(A Clockwork Orange)
Autor: Anothony Burguess
Editora: Aleph
Publicação: 2004
Nota: 4 sementes

Alex é o líder de uma gangue futurista. Junto com os amigos adolescentes Georgie, Pete e Tosko, praticam assaltos, espancamentos e estupros livremente pelas ruas de uma Londres decadentes cujos habitantes tem medo de sair a noite e preferem se distrair com programas de televisão.
Um dia Alex vai longe demais e, involuntariamente, comete um assassinato. Preso, sua única chance de sair da reclusão é participar como cobaia de uma experiência de engenharia social desenvolvida para eliminar tendências criminosas. Uma experiência extremamente dolorosa e tão desumana quanto a ultraviolencia que o próprio Alex costumava praticar.

O livro, dividido em três partes, é uma grande surpresa. Sem nunca ter tido contato direto com Laranja Mecânica, nem mesmo o filme, não sabia o que me esperava nas páginas meio amareladas de um livro emprestado. O primeiro contato com Alex como personagem principal com sua gangue futurista é um tanto revoltante, atiçando a boa moral social do leitor. Em um exemplo de violência pura e anárquica, o jovem com seus amigos se vestem muito bem e praticam os atos mais desprezíveis desde o espancamento de um jovem senhor até o estupro de meninas de dez anos, o que eles chamam de ultraviolencia horroshow. Durante todo o tempo a sensação é de que aquilo precisa acabar, alguém precisa colocar um fim naquela gangue. No começo estamos ainda cegos sobre o que deve ser feito e minha posição quanto ao personagem principal foi esperar um herói para que ele virasse, então, um antagonista.
Ledo engano, o que acontece é que Burguess, na segunda parte do livro, abre os nossos olhos leitores para a grande imagem da sociedade decadente de Londres. A sociedade não está decadente por causa de Alex, ele é meramente um produto de toda aquela sujeira. Quando o Vosso Humilde Narrador é preso, o que acontece é que todas as máscaras caem: a polícia é ultraviolenta e corrupta horrorshow, o agente de condicional de Alex é tão sem coração quanto qualquer outro personagem ali, até seus médicos que parecem tão bons no começo de seu tratamento tiram uma casca da violência que podem praticar com Alex que se coloca somente a krikar (gritar).
Por Bog, o que Anthony Burguess consegue com esta obra é criar mais do que um livro, é um guia de uma juventude tão decadente quanto sua sociedade, quanto seus velhos burgueses que parecem inofensivos, quanto suas crianças de dez anos usando salto alto e enchimento. De leitura densa, o escritor consegue aprofundar ainda mais as nuances dos personagens com um vocabulário que ele mesmo cria e o chama de ‘nadsat’. Feito para causar estranhamento para o leitor, no final do livro existe um glossário com as palavras usadas durante o livro, porém ler a historia sem consultá-lo faz parte da experiência de se ambientar e viver Laranja Mecânica como um todo.

Um comentário:

  1. Quando vi o filme nem sabia que era baseado em um livro. É o tipo de obra que me faz pensar que vale à pena conferir. Pode não ser exatamente como o filme, mas são diferentes potos de vista de uma história. Fiquei com muita vontade de conferir o livro, mas deve ser bem difícil de achar hoje em dia... Mas gosto dessas histórias exageradas e doentias, rs.

    Um abraço!
    http://ninanoespelho.blogspot.com

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